Fotografia aérea da região de Manaus.
Ontem eu estava na aula de Ficção Seriada, que tem por objeto de estudo a série televisiva de Lost, do professor Afonso Albuquerque, e estávamos debatendo o conceito de "não-lugar", de Marc Augé, aplicado à série. Mas foi inevitável não pensar nas comunidades quilombolas de Oriximiná (acredito que não se aplique a todas as comunidades do Brasil).
Uma das características faladas foi a ausência da presença no mundo comunicativo. Aquelas comunidades estão muito isoladas comunicacionalmente, pois, o único meio de comunicação entre elas e, por assim dizer, o mundo, é um rádio amador, que em muitas comunidades encontra-se com defeito. Lá, também não é possível utilizar telefones celulares, somente equipamentos que se comuniquem com satélites, como aparelhos GPS ou telefones via satélite. Percebi que em alguns pontos as comunidades quilombolas da região se configuram como experiências de não lugares. Afinal, também, não existe cartas disponíveis que os mostre como comunidades habitante um certo lugar no espaço e, ainda, não existe nem um conjunto de pontos de GPS (pelas minhas pesquisas e entrevistas no local) que indique o posicionamento delas no globo, assim como a ilha de Lost. Mas o principal que eu encontrei no conceito e que representou o espaço foi a nossa concepção de Amazônia, como uma floresta gigantesca, onde algumas tribos indígenas habitam alguns poucos lugares e outras são a mais crua natureza selvagem, o conceito de "não lugar" remete a esses espaços desabitados, vazios, espaços de trânsito. Mas desabitado, vazio, para quem, homem branco?
Ok, foi bastante abstração o desenvolvimento desse conceito aplicado aos remanescentes de quilombo de Oriximiná, mas isso é somente um início de pensamento e de proposta, que deve ser aprofundado com a leitura do livro "Não Lugares" de Marc Augé e um estudo mais aprofundado sobre a região nesse sentido.
Nenhum comentário:
Postar um comentário