terça-feira, 20 de outubro de 2009
Mais futebol: São Raimundo, Macaé e meus parabéns
Todos sabem que gosto de futebol. Que sou vascaíno, e talvez poucos de vocês saibam que sou macaense.
Pois bem, assim como o São Raimundo, clube que é o orgulho de Santarém e de toda a região ali próxima, chamada de Tapajós, o time de minha cidade, chamado Macaé Esportes, teve uma ótima campanha na série D do Campeonato Brasileiro!
Agora, a próxima etapa na vida dos times é fazer uma final entre eles para decidir que foi o melhor time da temporada da série D. As partidas serão realizadas no próximo dia 25, com mando de campo do Macaé, e no dia 1º de novembro, com o mando do São Raimundo.
Não vou dar palpites aqui sobre quem será o vencedor nem nada, pois um pedaço do meu coração macaense ficou em Oriximiná, e sempre que passava o São Raimundo na TV, todos prestavam atenção, e por isso, me apaixonei de leve pelo time do Tapajós.
Aproveito esse espaço, um pouco niteroiense, um pouco macaense e um pouco oriximinaense, para deixar meus singelos parabéns pelo acesso aos dois clubes, e torço para que ambos tenham uma boa campanha na próxima série C e, principalmente, uma boa administração!
terça-feira, 15 de setembro de 2009
O Debate - 26 de agosto de 2009
Mais uma reportagem sobre o projeto Oriximiná e seus Olhares, agora no jornal O Debate, de Macaé/RJ. Meus agradecimentos especiais vão para a ótima assessoria de imprensa feita pelo jornalista Antonio Felipe Gonçalves (@AntonioBander)
Faço parte do Movimento Escoteiro desde o ano de 1989 e a experiência com o ar livre que adquiri em todos esses anos me ajudou em muitas coisas na imersão junto às comunidades. No Movimento aprendi a me virar sozinho, aprendi um pouco sobre selva, sobrevivência, frescuras em algumas situações, respeitar e admirar a natureza, cuidar do próximo etc.
Faço parte do Movimento Escoteiro desde o ano de 1989 e a experiência com o ar livre que adquiri em todos esses anos me ajudou em muitas coisas na imersão junto às comunidades. No Movimento aprendi a me virar sozinho, aprendi um pouco sobre selva, sobrevivência, frescuras em algumas situações, respeitar e admirar a natureza, cuidar do próximo etc.
Para ler a matéria completa clique sobre a imagem.
quarta-feira, 9 de setembro de 2009
Não Lugares
Fotografia aérea da região de Manaus.
Ontem eu estava na aula de Ficção Seriada, que tem por objeto de estudo a série televisiva de Lost, do professor Afonso Albuquerque, e estávamos debatendo o conceito de "não-lugar", de Marc Augé, aplicado à série. Mas foi inevitável não pensar nas comunidades quilombolas de Oriximiná (acredito que não se aplique a todas as comunidades do Brasil).
Uma das características faladas foi a ausência da presença no mundo comunicativo. Aquelas comunidades estão muito isoladas comunicacionalmente, pois, o único meio de comunicação entre elas e, por assim dizer, o mundo, é um rádio amador, que em muitas comunidades encontra-se com defeito. Lá, também não é possível utilizar telefones celulares, somente equipamentos que se comuniquem com satélites, como aparelhos GPS ou telefones via satélite. Percebi que em alguns pontos as comunidades quilombolas da região se configuram como experiências de não lugares. Afinal, também, não existe cartas disponíveis que os mostre como comunidades habitante um certo lugar no espaço e, ainda, não existe nem um conjunto de pontos de GPS (pelas minhas pesquisas e entrevistas no local) que indique o posicionamento delas no globo, assim como a ilha de Lost. Mas o principal que eu encontrei no conceito e que representou o espaço foi a nossa concepção de Amazônia, como uma floresta gigantesca, onde algumas tribos indígenas habitam alguns poucos lugares e outras são a mais crua natureza selvagem, o conceito de "não lugar" remete a esses espaços desabitados, vazios, espaços de trânsito. Mas desabitado, vazio, para quem, homem branco?
Ok, foi bastante abstração o desenvolvimento desse conceito aplicado aos remanescentes de quilombo de Oriximiná, mas isso é somente um início de pensamento e de proposta, que deve ser aprofundado com a leitura do livro "Não Lugares" de Marc Augé e um estudo mais aprofundado sobre a região nesse sentido.
terça-feira, 18 de agosto de 2009
ARQMO, uma história de lutas
Os quilombolas de Oriximiná possuem um largo histórico de lutas. Desde que chegaram ao Brasil eles lutam, primeiro a luta pela fuga, depois a luta contra os índios, depois a luta pela sobrevivência na floresta, agora a luta pela demarcação de terras e pelos seus direitos constitucionais. A ARQMO (Associação dos Remanescentes Quilombolas do Municipio de Oriximiná) foi uma das primeiras organizações quilombolas do Brasil, tendo sido fundada em 1989.
Ao observar a cultura dos negros de Oriximiná é possível notas que muito se parece com a cultura indígena, presente localmente com a tribo Uai Uai. Suas embarcações são muito parecidas, as antigas casas, feitas de palha, a estrutura social dentro da comunidade, a figura do Sacaca (semelhante ao Pajé), a culinária etc, eles possuem muitas coisas em comum, que denunciam como que os negros foram ajudados pelos índios em suas fugas. Parte de sua história também mostra que eles lutaram juntos durante a Cabanagem, revolta que aconteceu no Pará no século XVIII.
A história recente mostra que Oriximiná é um dos maiores (senão o maior) pólos de lutas dos direitos dos quilombolas no Brasil. Através de suas lutas, os negros daqui tiveram a primeira titulação de terras no ano de 1995 e é no Pará que se encontra o maior número de terras quilombolas tituladas. Nas terras tituladas encontra-se mais de 3700 famílias e ainda existem diversas outras terras em processo de titulação.
Eu conversei durante horas com Daniel Souza, coordenador estadual dos movimentos quilombolas do Pará. Ele se mostrou uma pessoa bastante politizada, mas não partidariamente, ele luta pelos direitos dos negros do Pará e do Brasil, conhecendo movimentos quilombolas de vários estados.
Em um certo momento sentamos com o Daniel porque ele queria mostrar um site que a CPI (Comissão Pró-Índio) fez sobre os movimentos quilombolas do Brasil. Curioso que aparentemente ele não sabia ler muito bem, mas isso não se materializava como um empecilho para sua dedicação nas lutas. Muitos dos ativistas possuem formação acadêmica até o 6º ano somente.
Como um interessado em mídias digitais eu perguntei para o Daniel como era a relação das lutas com a internet, e tive uma grande surpresa. A forma de luta se mostrou igual a forma com que o EZLN (Ejército Zapatista de Libertación Nacional) fazia na década de 90. As vezes eles enviam emails para seus contatos afim de obter uma mobilização digital para enviar emails para os órgãos e pessoas envolvidos no processo de demarcação de suas terras.
Outra coisa que achei interessante é a preocupação de "mostrar" o movimento quilombola, por isso eles gostam que pesquisadores cheguem até suas comunidades, eles esperam que estes pesquisadores se solidarizem com a sua luta e mostrem para o mundo como eles merecem/precisam desta demarcação de terras.
Não esqueça de visitar o site sobre as comunidade quilombolas feito pela CPISP.
As visagens da UAJV
Não poderia deixar de dedicar um post às visagens da unidade. Todos que aqui chegam escutam rapidamente falar das visagens que rondam os corredores e quartos durante a noite. Quem conta são os próprios alunos que já estão há mais tempo ou pode-se ler nos estrados dos beliches nos quartos.
Nos meu primeiros dias aqui eu dormia muito mal no quarto que estava, ouvia sons estranhíssimos durante toda a noite, agora, em um quarto bem maior que o antigo, os barulhos são piores ainda, e nessa última noite eu até vi uma visagem. Todos que estão na unidade, acreditando em qualquer coisa ou não, podem escutar os sons. Alguns dias atrás todos que estavam deitados vendo filme na TV escutaram claramente passos no corredor, mas não havia ninguém lá.
Mas qual o motivo de tantas visagens por aqui? Assim como nos filmes de terror de hollywood, conta a lenda que aqui funcionava um hospital administrado por freiras, que cuidava dos índios com malária e outras doenças perigosíssimas.
"Se é verdade eu não sei, só sei que foi assim."
segunda-feira, 17 de agosto de 2009
Futebol como facilitador social
O estado do Pará é muito curioso com o fenômeno do futebol. Por aqui, são poucas as pessoas que torcem de verdade para o São Raimundo, Remo ou Paysandu, eles até torcem, mas o time principal é algum do eixo Rio-São Paulo. Assim que eu cheguei, me impressionei com a quantidade de camisas de clubes desse eixo, mas me impressionei principalmente com a quantidade de camisas do Vasco.
Aconteceu um fato curioso em um certo dia. Fui com meu amigo Cauan na ARQMO para procurar um barco para subir para alguma comunidade. Eu vestia a camisa do Vasco nesse dia. O Cauan vestia a camisa do Botafogo e estava conversando com o Naco, quilombola que faz parte da coordenação da associação. Em toda a conversa entre os dois o Naco foi muito monossilábico, respondendo apenas com "hum hum", "sei", "isso", "quem sabe" e de forma bem séria, parecendo até que ele não estava afim de conversar naquele momento. Mas assim que terminou a conversa ele abriu um sorriso bem grande, olhou pra mim e começou a conversar sobre o nosso tão querido clube.
Curioso como que a distância não afeta a forma com que as pessoas aqui torcem para os clubes das grandes capitais. Até mesmo nas comunidades quilombolas do interior. Lá, todos adoram jogar futebol no fim do dia e as vezes acontecem amistosos entre as comunidades, daí o nome do time da comunidade sempre faz menção a algum clube de fora do Pará. O time do Varre-Vento se chamava Cruzeiro, enquanto que ali por perto existiam algumas outras comunidades que o nome do clube era Vasco.
Neste momento está acontecendo o Campeonato da Primeira Divisão Oriximinaense de Futebol. A fim de experimentar os costumes do povo eu fui para o Estádio ver um jogo, que por sinal foi um clássico, Trombetas, base da Seleção de Oriximiná, contra o Olímpia, atual campeão municipal.
A torcida não compareceu em grande número, mas os que estavam lá se demostraram muito interessados no jogo, conheciam o plantel das equipes, cornetavam o jogo todo, xingavam. Uma pena não ter muita luz no estádio ou eu não ter um equipamento fotográfico melhor. Havia um rapaz altamente alcoolizado, que era zagueiro do Trombetão, mas que estava suspenso, ele não parava de gritar, torcer, brincar com a torcida adversária.
Eu e o Cauan escolhemos torcer para o Trombetas, que ganhou de 4x1, e contou com presenças ilustres, como atacante Camisinha, que lembra o atacante Washigton e também o outro atacante, Paulo Cachaça, que joga no Motoclube de Manaus.
Quem abriu o placar foi o Camisinha, com um belíssimo gol de falta. Todos os jogadores já tinham voltado para o seu campo e a bola já estava saindo quando me deparo com Camisinha no campo do adversário dando entrevista para a rádio local, dentro de campo, durante o jogo. Isso que é interatividade com o torcedor, que leva seus radinhos de pilha para o estádio para escutar a transmissão do jogo.
sexta-feira, 14 de agosto de 2009
Unidade Avançada José Veríssimo
Como já falei em um outro post, a UAJV (Unidade Avançada José Veríssimo) está na cidade de Oriximiná desde o ano de 1975, sendo que ela veio para ao norte no ano de 1973, se estabelecendo primeiramente na cidade de Óbidos. Pelo que já pesquisei, a UFF é a única universidade do sudeste brasileiro que ainda mantém uma Unidade em funcionamento no norte do Brasil.
Neste post eu vou mostrar um pouco das dependências da Unidade.
Esta foi a primeira área que eu ocupei. Cheguei cansado aqui e encontrei o Heitor e a Duda (ambos do PURO - Polo Universitário de Rio das Ostras) sentados ali conversando e acabei me sentando e ficando por um bom tempo até conhecer o quarto onde eu ficaria.
Este é o corredor dos quartos, que leva até a cozinha, sala de TV, de computador e sala de jantar. Os quartos são equipado com ar condicionado, beliches e um chuveiro de água fria (não, ela não é fria).
A TV é um lugar bem frequentado por todos da unidade, pelas tias da cozinha, por nós mesmos, por funcionários da unidade e várias outras pessoas. A unidade possui um tocador de DVD que pode ser pego emprestado para ver filmes.
Passando a área da televisão chega-se até a sala de jantar, onde ganhei boa parte dos meus 8Kg adquiridos no Norte. A culpa maior é das tias da cozinha, que adoram fazer comidas que pedimos e gostam quando elogiamos a comida delas, que, sinceramente, é ótima.
E aqui é a última área da unidade, e uma das mais concorridas. É a sala onde acontecem as reuniões, palestras e onde usamos o único computador disponível para os alunos que estão alojados.
Normalmente nós gastamos um bom tempo do dia aqui, enquanto um usa o computador, os outros ficam sentados nas cadeiras ou em colchões que trazemos, o ar condicionado da sala é ótimo e é um ambiente refrigerado diferente dos quartos.
Bom, nesta última foto vocês descobriram o porque de eu escrever tão pouco (me desculpem). Mas é apenas um computador para todos da unidade e cada um tem que usar um tempinho para que o outro possa usar também e assim nos mantermos em uma comunidade agradável aqui.
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