segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Futebol como facilitador social




O estado do Pará é muito curioso com o fenômeno do futebol. Por aqui, são poucas as pessoas que torcem de verdade para o São Raimundo, Remo ou Paysandu, eles até torcem, mas o time principal é algum do eixo Rio-São Paulo. Assim que eu cheguei, me impressionei com a quantidade de camisas de clubes desse eixo, mas me impressionei principalmente com a quantidade de camisas do Vasco.
Aconteceu um fato curioso em um certo dia. Fui com meu amigo Cauan na ARQMO para procurar um barco para subir para alguma comunidade. Eu vestia a camisa do Vasco nesse dia. O Cauan vestia a camisa do Botafogo e estava conversando com o Naco, quilombola que faz parte da coordenação da associação. Em toda a conversa entre os dois o Naco foi muito monossilábico, respondendo apenas com "hum hum", "sei", "isso", "quem sabe" e de forma bem séria, parecendo até que ele não estava afim de conversar naquele momento. Mas assim que terminou a conversa ele abriu um sorriso bem grande, olhou pra mim e começou a conversar sobre o nosso tão querido clube.
Curioso como que a distância não afeta a forma com que as pessoas aqui torcem para os clubes das grandes capitais. Até mesmo nas comunidades quilombolas do interior. Lá, todos adoram jogar futebol no fim do dia e as vezes acontecem amistosos entre as comunidades, daí o nome do time da comunidade sempre faz menção a algum clube de fora do Pará. O time do Varre-Vento se chamava Cruzeiro, enquanto que ali por perto existiam algumas outras comunidades que o nome do clube era Vasco.


Neste momento está acontecendo o Campeonato da Primeira Divisão Oriximinaense de Futebol. A fim de experimentar os costumes do povo eu fui para o Estádio ver um jogo, que por sinal foi um clássico, Trombetas, base da Seleção de Oriximiná, contra o Olímpia, atual campeão municipal.
A torcida não compareceu em grande número, mas os que estavam lá se demostraram muito interessados no jogo, conheciam o plantel das equipes, cornetavam o jogo todo, xingavam. Uma pena não ter muita luz no estádio ou eu não ter um equipamento fotográfico melhor. Havia um rapaz altamente alcoolizado, que era zagueiro do Trombetão, mas que estava suspenso, ele não parava de gritar, torcer, brincar com a torcida adversária.
Eu e o Cauan escolhemos torcer para o Trombetas, que ganhou de 4x1, e contou com presenças ilustres, como atacante Camisinha, que lembra o atacante Washigton e também o outro atacante, Paulo Cachaça, que joga no Motoclube de Manaus.


Quem abriu o placar foi o Camisinha, com um belíssimo gol de falta. Todos os jogadores já tinham voltado para o seu campo e a bola já estava saindo quando me deparo com Camisinha no campo do adversário dando entrevista para a rádio local, dentro de campo, durante o jogo. Isso que é interatividade com o torcedor, que leva seus radinhos de pilha para o estádio para escutar a transmissão do jogo.

Um comentário:

  1. Aqui nos comentarios eu posso falar. O Pará é vascão! :D Ate a bandeira lembra. Queria mt uma camisa com a bandeira do Para, mt linda!

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