segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Matadouro Municipal


A convite da minha amiga Vanessa, aqui da unidade, que cursou o Colégio Agrícola da UFF em Pinheiral, fui visitá-la no Matadouro Municipal para conhecer como funciona o esquema de produção de carne em Oriximiná.
Eu achei que fosse voltar com muito nojo de lá, que nunca mais fosse comer carne depois disso, mas foi bem tranquilo. As únicas coisas foram o cheiro de sangue, que me deixou um pouco enjoado o resto do dia, e o ambiente, que é muito estressante e barulhento.


Vou começar logo com a parte que todos gostam de saber: "como o boi é morto?" Bom, o boi entra em um pequeno cercado metálico e um profissional com uma pistola de ar comprimido, como você vê na foto, dá um "tiro" na testa do boi. Esse procedimento mata o cérebro do boi, assim ele não sente dor alguma para morrer, além de ser mais higiênico, evitar hemorragias internas e qualquer outra coisa que possa contaminar a carne, que será consumida por nós.
Algumas vezes a pistola de ar comprimido não tem potência suficiente para perfurar o crânio do animal, principalmente dos búfalos, e o animal não morre de primeira.
Enquanto eu estava nessa posição aí que fotografei os abates, os trabalhadores foram matar um búfalo, que desde o início já tentava subir no metal e o lugar que eu estava era assim: búfalo, eu (me cagando), parede. O búfalo recebeu o tiro e ficou bem atordoado, quando tiraram ele do cesto onde recebe o tiro ele ficou tentando se levantar e caía para todos os lados. Então, eles tiveram que usar o método tradicional e dar algumas marretadas na cabeça do animal, até que ele morresse.


Nesta foto você pode ver o cesto de metal onde os animais entram para serem abatidos. E eu estava do lado daquele homem de branco.
O animal, depois de morto, é içado pela pata e continua na linha de produção.
Com a modernização que a prefeitura está implantando no Matadouro (com previsão de conclusão para o próximo ano), o processo tem se tornado muito mais ágil, seguro e higiênico. No processo artesanal, além do boi ser morto a marretadas, ele poderia atingir algum funcionário que estivesse fazendo o abate, além do mais os reis (como são chamados os bovinos) eram dissecados no chão mesmo, causando problema de postura para os trabalhadores e falta de higiene para a carne.


Os animais passam por diversas etapas onde suas patas, rabo e cabeça são retirados, seu couro também é retirado e tudo é enviado para a área de interesse. As vísceras brancas, as vermelhas, a pele, a cabeça, cada parte é tratada da melhor forma possível.


O matadouro conta também com profissionais que buscam por doenças em cada parte dos animais. A Vanessa (foto de baixo) trabalha procurando doenças nas vísceras vermelhas, existem outros profissionais que procuram por focos de tuberculose na cabeça e também nas vísceras brancas (foto de cima). Caso esteja em condições sanitárias ideais, tudo é limpo e enviado para os açougues da cidade.
Toda a carne abatida no matadouro municipal é consumida dentro do próprio município. São abatidos em média 60 a 80 reis por dia, e o recorde agora para a época do círio foi algo em torno de 120 animais.

8 comentários:

  1. Meu caro um lugar também interessante para com este é onde é realizado a exposição local, parque de exposições próximo ao lago Iripixi. Este matadouro tem um problema: Vc já observou a revoada de urubus que ficam no entorno deste, e onde é lançado os dejetos da "lavagem"? Além do mais de onde tal população de gado é obtida? Sem contar na mudança do habito alimentar provocada por seu ingresso no "mercado", haja visto que não era habito comer carne bovina a alguns anos atrás.

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  2. Meu caro criei um blog http://airtongustavo.blogspot.com/ e por incentivo seu postarei algumas coisas sobre Oriximiná que tive o prazer de conhecer no último ano. Além do mais tenho algumas fotos no meu fotolog http://airtongustavo.fotoblog.uol.com.br

    Um abraço e qualquer dúvida que eu possa ajudar.
    airtongustavo@hotmail.com ou airtongustavo@yahoo.com.br

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  3. Oi Airton,
    Antes de tudo, obrigado pelo comentario.
    Quanto ao parque de exposiçoes eu nao fui porque esta tudo vazio, a exposiçao agropecuaria deste ano será somente em outubro, por causa da cheia do rio.
    Realmente, a revoada de urubus é um problem seríssimo lá. O Gustavo, coordenador do matadouro, me mostrou tudo, inclusive os pontos negativos que ainda existem lá. Mas para cada ponto ele já mostrou uma solução, que em breve deve ser implementada junto à prefeitura. Como a instalação de exaustores, camaras frigorificas (toda carne deve ser distribuida no mesmo dia pois nao ha onde guarda-la ainda), e diversas outras areas, inclusive de abate suino. O projeto é ótimo, resta que a prefeitura compareça.
    Os dejetos agora sao lançados dentro de toneis grandes, onde os urubus nao tem acesso e depois sao descartados, nao me pergunte onde.
    Eu nao sabia dessa mudança no habito alimentar da populaçao e nem de como sao as fazendas de onde o gado e obtido, mas eu suspeito que sejam imensas áreas de desmatamento.

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  4. Reportando é interessante que vc conheça o parque mesmo vazio, pois desta forma é melhor para que se vizualise este com menos viés possível, já que quando estão cheios fica mais complicado, além da "maquiagem" eventual que é feito. Revoada de urubus vai te assustar mais se vc for ao lixão, um detalhe é a ameaça para com os pousos e decolagem de aeronaves, o lixão está numa péssima posição.
    Uma pergunta que faço é se vc acha que se não for consumida a carne se esta é jogada fora?
    Todos os projetos em Oriximiná são interessantes, mas a questão é que agora eles tem verba, mas daqui a alguns meses não será assim com a decadência da extração da bauxita. Logo imagine o caos gerado pelo aumento da população nos últimos anos.
    A mudança do habito pode ser verificado perguntando aos moradores mais "velhos" do aumento do consumo de carne. Incrementada pelo preço e pelo fato de ser "novo" na região. Além do fato da desnutrição aí ser gigantesca pois carne com farinha não é uma boa.
    O desmatamento é a parte vou postar no meu blog.

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  5. Só uma correção, não é REIS, é RES, como o pessoal da região costuma chamar para o gado.

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  6. Obrigado Emanuel. Fiquei muito na dúvida na hora de escrever, porque só tinha escutado as pessoas falarem, não escreverem a palavra. Vou aproveitar e acrescentá-la no vocabulário.

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  7. Gostei do seu texto, sabe que quando se fala de abatedouros sempre há uma polêmica, gostei da forma que você tratou o assunto, mostrando como é um abatedouro limpinho. :P

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