sábado, 1 de agosto de 2009

A Feira do Produtor Rural

Seu Altair e suas castanhas, colhidas de seu pedaço de terra.

Eu e os alunos de Produção Cultural do PURO/UFF fomos até a I Feira do Produtor Rural na estrada do BEC, quiilometro 9.
Fiquei um pouco com pena do lugar, um ambiente meio árido em pleno coração da selva amazônica, é um tanto irônico, mas é uma coisa que todos convivemos aqui, o desmatamento para qualquer motivo (não só para criar pastos ou extrair madeira).


Os comerciantes lá eram pessoas simples, como a maioria dos locais. Eles acreditam no que você fala, te tratam super-bem e te recebem como se já nos conhecessem há anos.
Tudo na feira era muito barato. Isso não quer dizer que é bom ou ruim. Lá na feira, a maior parte do público presente era de pessoas pertencentes às comunidades quilombolas vizinhas, e elas não possuem um poder aquisitivo muito grande, então, quem estava vendendo não poderia vender mais caro. Por exemplo o Seu Altair da primeira foto, ele vendia o cesto com as castanhas por R$2,00, dois reais. Para comprar um cesto daquele no Rio de Janeiro não é possível pensar em um valor abaixo dos R$10. Com as castanhas dentro o valor ultrapassa facilmente a marca de R$20.
Infelizmente estas pessoas desconhecem o potencial de sua mercadoria e vendem muito barato por encontrar as castanhas na natureza e a produção dos cestos estar muito presente em seu cotidiano.

Tudo lá era muito barato (em torno de R$1,50) e algumas vezes faltava troco. Então as pessoas davam este vale. Para mim este vale representa tudo o que são estas pessoas, gente inocente, que acredita na boa vontade e na honestidade dos outros, gente que vive em comunidade.


As crianças, como sempre, estavam presente, rindo, brincando e se divertindo enquanto seus pais faziam suas transações nas barraquinhas. É comum ver o maior cuidando do menor e não se vê ninguém brigando, ou alguma criança chorando.


E para fechar a tarde não poderia faltar a música, tão presente neste estado grandioso que é o Pará. Já estava tudo armado para receber a banda local de tecno-brega e animar o público, que rodopia sem parar desde que nasce.
Não tive a oportunidade de ficar para o show, mas com certeza eles animaram todos.
No meio da tarde voltamos de carona com uma equipe local da RedeTV! que estava cobrindo o evento.

5 comentários:

  1. Leio agora o quanto a diversidade, cultural, ambiental, social etc... é de fato encantadora. Viva a DIVERSIDADE!!!
    A estrado do BEC, deveria ligar a PA-254 à Perimetral Norte.A perimetral norte seria uma estrada fronteirissa, idealizada pelo governo militar que nunca saiu do papel. Assim como a agonizante transamazônica, ou melhor, BR-163, também idealizada pelos militares. Aliás a estrada do BEC é um prolongamento da BR-163, ficou assim conhecida por se tratar do 8° Batalhão de Engenharia e Construção (BEC) quem executou na década de 70 a abertura dessa estrada, mas apenas 72 quilometros foram feitos até que o governo militar chegasse ao fim e hoje a estada liga o nada a lugar nenhum.
    Mas a política de ocupação da amazônia incentivada e patrocinada pelos militares, ao longo de toda transamazônia e suas agrovilas fantasmas, com seus ancestrais soldados da borracha e os esforços de guerra acabaram trazendo pra cá comunidades nordestinas que fizeram da floresta seu meio de vida.
    Assim, ao longo de todos os 72 quilômetros da Estrada do BEC, especialmente nos quilômetros 09, 12, 18, 28 e no 34, que na verdade são entradas de ramais importantes, onde grande parte da produção agrícola do município se faz presente.
    Eis os povos do planalto, moradores da Estrada do BEC, onde nordestinos retirantes vivem no meio da floresta em harmonia, sem perder as lembranças de suas origens, mas completamente inclusos na cultura do homem da amazônia. O artesanato produzino nessas comunidades falam por sí.
    E viva a diversidade cultural do povo brasileiro!!!

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  2. adorei as fotos!!

    obs: deixei um cometario na postagem do dia 24 de julho

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  3. Adorei o Blog Diego, estou acompanhando, impressionada... Preciso conhecer esse povo, até porque são minhas raízes! Sorte aí! Beijos! Larissa

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  4. "Para mim este vale representa tudo o que são estas pessoas, gente inocente, que acredita na boa vontade e na honestidade dos outros, gente que vive em comunidade." - Comentário típico de carioca, acostumado com a violência e malandragem que o cerca. Lamentável. Quem sabe um dia isso vai mudar!

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  5. Diego, parabéns pelo seu trabalho!!! O Blog está realmente muito legal... estava pesquisando algumas coisas para a minha monografia e vim parar aqui, acredita? Rsrs
    Que saudades que tenho dessa terra onde os valores de amizade e companheirismo são tão bem conservados!!!
    Nós da cidade grande temos muito a aprender com essas comunidades...

    bjs
    Vanessa Froese

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