Os dias em Manaus foram bem legais. Conheci um pessoal que estava lá para o Congresso do SBPC (Sociedade Brasileira de Progresso Científico) e uma menina da Alemanha, todos universitários e engajados em seus projetos pessoais.
Antes eu não recomendaria a ninguém ir até Manaus para visitar a cidade, ela é quente, muvucada, suja, feia e mal cuidada. A cidade tem um potencial incrível para turismo, mas é sub-aproveitada pois a população e nem mesmo a prefeitura parecem ver esse potencial e se organizar de forma a aproveitá-lo. Não existe um centro de informações turísticas que funcione ou seja fácil para um turista encontrar e a população não sabe dar uma informação correta, parece não conhecer a sua própria cidade.
Mas, felizmente, descobri outros encantos da cidade, que não o centro históricos o Teatro Amazônia. Existe uma grandiosa floresta amazônica para ser explorada de forma consciente e sustentável.
E foi o que fiz, comprei um pacote de um passeio na selva de dois dias por R$150 e fui. Os dias na selva foram incríveis e surpreendentes.
No início do passeio pegamos o barco e fomos até o encontro das águas, que não estava tão bonito assim devido a cheia do rio, que segundo a população subiu 29m, sendo essa a maior cheia da história. Logo em seguida fomos ver as vitórias régias, onde aconteceu a coisa que mais me chocou. Enquanto estávamos lá chegaram dois barcos de ribeirinhos trazendo animais selvagens para os turistas fotografarem em troca de qualquer esmola que nós pudéssemos dar. O bicho preguiça era lindo, mas estava desesperado para sair dali, os filhotes de jacaré pareciam dopados e com suas bocas amarradas, assim como a cobra jibóia, eles mal conseguiam se mexer e pareciam a beira da morte. Não tive a coragem de segurar ou mesmo fotografar nenhum destes animais, pois pensei que estaria contribuindo para esta máquina que provavelmente maltrata animais para satisfazer as necessidades amazônicas dos turistas. Mas realmente, ver aquela preguiça fêmea com o seu filhote pendurado em seu ventre sendo passada de mão em mão, de todos com pena dela, querendo levar para casa, isso foi muito chocante.
Seguimos em frente e fomos para o nosso hotel flutuante, que mais parecia um paraíso. Era uma pequena casa com barcos atracados e o Rio Negro passando por todos os lados e a floresta amazônica nos rodeando com toda sua beleza. Assim que chegamos almoçamos uma comida típica do norte, feijão, arroz, peixe e macaxeira. E não podia faltar a farinha, que quando eu voltar vou levar uns 5Kg para comer ela no bandejão!
Nosso guia local, que se chamava "Pelado", nos levou para a pesca de piranhas, que mal conseguimos pescar (apenas 3), mas as piadas vieram de sobra. E logo em seguida fomos ver o por do sol.
Neste momento eu passei por algumas dificuldades técnicas, pois a teleobjetiva que eu levei para o passei está com um problema que só mais tarde identifiquei qual era, ela está apenas usando diafragma 4, se eu usar qualquer outro a câmera acusa uma falha de comunicação com a lente. Uma pena.
Assim que escureceu, depois da janta no hotel, fomos fazer a focagem de jacaré. Nesse momento o nosso guiase mostrou uma pessoal incrível e com diversas habilidades nativas ou não. Primeiro ele nos levou até a sua casa para conhecermos uma moradia típica de populações ribeirinhas e pegar uma garrafa de cachaça que mais tarde viraria uma caipirinha. E logo depois fomos em busca dos jacarés. Após pilotar o barco na escuridão total e conseguir identificar os caminhos do rio, usando uma lanterna bem fraca ele encontrou um filhote de jacaré de papo amarelo, com uns 40cm de comprimento e nos explicou suas características, disse que era um animal em extinção e que infelizmente algumas pessoas ainda o caçam para pegar o seu couro. Ali ele também contou histórias de seus amigos que foram atacados e mortos por jacarés, pois alguns turistas não se contentam em ver filhores e querem ver grandes jacarés. O Pelado, além de um nativo de grandes habilidades, cursa pedagogia, mas falou que prefere se tornar agricultor, onde trabalha-se menos e ganha-se mais dinheiro. Também falou da miséria que os guias turísticos ganham e como este mercado é invadido por peruanos, bolivianos etc. Nosso guia também fala 5 idiomas, que aprendeu na prática da profissão e pode dar inveja a qualquer pessoa que goste de aprender idiomas.
A noite foi ótima também, depois de algumas caipirinhas deitamos dentro de uma canoa e ficamos vendo a imensidão do céu estrelado e recheado de estrelas cadentes.
Já no outro dia levantamos cedinho e vimos o raiar do sol e logo após fomos caminhar na floresta. Terra firme, enfim. Lá, o Pelado nos mostrou diversas plantas e árvores e suas finalidades. Para chegar até a selva tivemos que passar por uma parte alagada de uma fazenda, cheia de curvas fechadas. Após a caminhada uma outra cena incomum. Um suiço vendendo cerveja e refrigerante no meio da floresta, por módicos 4 e 3 reais. Ele contou que veio conhecer a amazônia, gostou, e acabou ficando por aqui.
Assim terminou um passeio, ou melhor, uma experiência incrível e cheia de surpresas pela selva amazônica. O próximo post vai contar da vinda de barco para Oriximiná e da minha chegada aqui. Fiquem Ligados.